terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ei menininha!

Ei menininha! Sente-se aqui do meu lado...

Me conte quais são os seus problemas. Certamente eu não sou a solução para eles, mas já que meus olhos captaram a sua tristeza, meus ouvidos certamente poderão ser de grande ajuda.

Você não vai dizer, não é? Eu imaginei mesmo que não fosse...

Seu olhar parece tão perdido! Vagueando entre os diferentes calçados pela rua. Seu rostinho mostra uma profunda tristeza... Será a sua inocência que foi roubada? No lugar dela a realidade deixou seus monstros, somente com seus fatos, sem fé e sem nenhum sentimento senão o medo?

Até mesmo a lágrima que brota dos seus olhos é solitária...

De quem é a culpa, menininha? A culpa é de quem roubou a sua inocência ou de quem não agiu para defende-la? Nesse caso, não importa de quem é a culpa... Enquanto a apatia for nossa aliada, não há diferença alguma entre eu e meu inimigo.

Boas intenções são bons tranquilizantes. Ficamos tão entorpecidos que poucos conseguimos ver você aqui, menininha.

Eu não sei porque os bons se calaram diante de tanta crueldade. Não consigo entender aonde estavam os valentes quando os vilões estavam em ação.

Sua solitária lágrima fez brotar lágrimas de culpas em mim...

Me perdoe, menininha... Eu jamais poderei reparar qualquer dano que tenha sido feito à você. Parece que até mesmo um abraço reconfortante trará à você más lembranças. Me perdoe tambem, mas não poderei devolver a sua inocencia, nem mesmo exterminando os monstros que agora vão te amedrontar. 

Os calçados não param na rua, não é? Todos tão ocupados... todos tão apressados.

Eu sei, menininha, que um dia todas as suas lágrimas serão recolhidas. Você será restaurada, voltará a sorrir e nunca mais estará sozinha. Você será consolada, não saberá mais o que é fome e nunca mais será a última, será primeira de todos!

Vejo agora um sorriso seu... de canto de lábios... Conheço esse sorriso, porque eu também o tenho e ele também me denuncia todas as vezes! Terá o seu coração captado os sentimentos do meu?

Isso! Levante-se, limpe seu rosto e vá brincar. Não mais me calarei e não a deixarei indefesa. Sempre estarei de olho em você, pois a sua imagem ficou gravada em meu coração.

Obrigado, menininha...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Desejos Proibidos

Eu tento fugir... tento correr...
Ja vivi isso em outros momentos e sei como é.

Essa noite virá a mim novamente. Já sinto se aproximando.
E mesmo que eu tente fugir, correndo como um fantasma solitário, procurando nas sombras e nas escuridões da noite o meu escape, minha mente voltará ao início de todo o ciclo outra vez.

Porque não consigo me desvencilhar? Porque quando finalmente consigo me afastar, sou eu mesmo quem me trago outra vez até esse ponto? Certamente há uma razão para me que eu me sabote dessa maneira. Somos inseparáveis assim? Será que estou diante de parte de mim e eu, até aqui, não sabia disso?

Meus pensamentos são invadidos e passo a não mais reconhecer quem eu sou. Tudo que eu quero é aquilo que eu me neguei a ter.

É errado sentir-me assim? Não sei! Considerar tudo isso é tão... retórico e não-poético! Não me orgulho nem me repudio por isso também.

Nessa noite a luz da lua será a única luz entrando no meu quarto, visitando a agonia da minha luta contra meus desejos. Em breve o sol invadirá a minha porta, e meu lençol não trará mais abrigo pra mim.

No frescor da alvorada juntarei meus cacos e, com a água quente em meus ombros, reorganizarei meus pensamentos. Quem sabe algum dia a vida concederá que meus desejos não sejam aqueles que são proibidos? E quem sabe um dia eu alcance o que eu desejo?

Nesse dia eu terei a certeza de ter encontrado meu pedaço do céu na terra!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Inércia

Desejei ter o poder de transformar as coisas
Fazer a diferença e transpor barreiras
Construí pontes, criei laços outra vez
Fazendo aquilo que ninguem jamais fez

Encorajei o desencorajado
Encontrei abrigo para o desabrigado
Defendi a causa do que teve seu direto negado
Sem ao menos receber sequer um 'Obrigado'

Tentei ser o mediador para a justiça e igualdade
Ofereci tudo que tinha tentando tornar-los feliz
Abri mão de mim e empenhei minha totalidade
E, não sabendo que era impossivel, eu o fiz

Não fiz algo que ninguem poderia ter feito
De fato, qualquer um poderia, mas ninguem o fez
Apesar de terem a chama acesa no peito
Muitos de agir discretamente se satisfez

Fui intenso, inteiro, me esforcei e fui persistente
Derramei meu ser, amei de forma imprudente
Cheguei além do que essa poesia apresenta
No fim, isso não fez nenhuma diferença.