segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sonhos...


Era uma tarde de sexta-feira chuvosa, quando decidiu ir algumas horas mais cedo para casa.

A semana de trabalho havia sido longa e cansativa e ainda não tinha terminado tudo o que tinha pra fazer naquele dia, mas ainda assim decidiu ir pra casa. Não porque havia algo urgente a ser feito. Apenas tinha o desejo de ir embora.

No caminho, sempre se admirava de como o percurso pra casa era agradável. Corredor de árvores, plantações, jardins. Cheiro e gosto de saudade.

Na sua memória, lembranças recentes das dificuldades que enfrentavam. Ali eles davam duro para se manter e atingirem seus objetivos. Enquanto alcançavam alguns, outros ficavam sempre e cada vez mais distantes. Como em um conto de tolos, aquilo tudo não lhes roubava a felicidade nem um pouco. Na contra-mão do que a maioria considerava uma vida de sucesso, riam de tudo e isso acrescentava a alegria de estarem juntos.

Parou e apanhou alguns mini-girassóis que viu à beira do caminho e os enrolou em um pedaço de jornal que estava no carro. Sabia que aquelas flores iriam trazer um sorriso nos lábios que ele tanto beijava e não pensou duas vezes em pega-la.

Ao chegar em casa, foi recebido com a costumeira alegria de sempre.

- Mike, nem vem! Sai, pra lá! Mike, NÃO!!!- disse ao seu cachorro, tentando proteger as flores daquela alegria eufórica.

Os pelos molhados grudavam em seu paletó e as patas cheias de barro que sujavam sua calça e costumava sempre causar irritação, nesse dia não tinham o mesmo efeito. Ao contrário, fizeram festa juntos. Sabia que aquilo provavelmente traria problemas, mas ele tinha mini-girassóis!

- Nem pense em entrar aqui sujo e molhado desse jeito! - bradou a voz de dentro da casa.

Subitamente se levantou e virou-se na direção da voz. Com as mãos na cintura, cara de indignada com a cena que estava vendo e um sorriso no canto dos lábios, lá estava ela, como se estivesse vendo a arte de duas crianças com satisfação.

- Eu tenho um presente pra você! - disse, segurando as flores com a mão pra trás enquanto Mike ainda pulava nele, tentando continuar a brincadeira.

Chegou-se até ela e, num rápido movimento, trouxe as flores na direção de seu peito. Praticamente todas foram amassadas e quebradas enquanto brincava com o cachorro. O jornal que as envolvia ja estava todo molhado e se rasgava.

- Ops! - disse ele, um pouco antes deles cairem na gargalhada.

Ela o beijou e se rendeu ao frio e a chuva. Como dois tolos, ali dançavam abraçados na chuva, enquanto ignoravam os latidos de Mike.

- Entre, eu estava preparando um café pra nós 2. Agora é você quem termina enquanto eu me troco.

Observou-a entrar, admirando sua beleza. Fechou os olhos e levantou o rosto e os braços, deixando as frias gotas cairem no seu rosto e agradeceu a Deus por momentos como aquele.

Mas quando abriu seus olhos percebeu: ainda estava no seu escritório e aquilo não tinha acontecido. Foi nesse momento que percebeu que estava sonhando acordado.

E então, pela primeira vez em muito tempo, sentiu saudades daquilo que nunca tinha vivido antes!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Chega um dia

Chega um dia quando os fortes se enfraquecem.
A razão da guerra já nem mais é lembrada
O esforço passa a ser questionado.
As habilidades são dominadas pela desmotivação.

Chega um dia aonde nada faz sentido
Os elogios não fazem mais efeito.
As criticas também não pesam mais.
E a auto-crítica se torna mais cruel que tudo.

Chega um dia em que a esperança é confundida.
O encerramento se mostra mais prazeroso
Tudo que se faz é inutil e vão
Tudo em volta parece rir dos vãos esforços

Chega um dia que o fim se apresenta
Os ciclos devem ser entendidos e fechados.
Nada dura pra sempre.
Pra todos chega o momento de desistir.

Chega um dia... e talvez esse dia chegará
Mas esse dia não tem por seu nome Hoje
Nesse dia a toalha não será jogada
A coragem novamente me impulsiona a seguir

No dia chamado Hoje, as forças são renovadas
O propósito é reestabelecido e reajustado
A esperança ganha folego e é restaurada
E o fim, mais uma vez (rs), adiado.