quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A vida vale mais



Naquela hora, pensamentos inusitados tomaram meu coração...

"Qual foi a ultima vez que eu toquei piano? Qual foi a ultima música que toquei em meu violão? Qual foi o último fato que me fez rir e qual foi o último filme que eu vi? O que eu disse para as pessoas que amava da ultima vez que nos vimos?"

Sempre achei que teria muito tempo pra todas essas e outras coisas. Não me importei em, de fato, viver intensamente cada uma delas...

Mal conseguia abrir meus olhos, nem abrir meus lábios para pronúnciar aquelas que poderiam ser minhas últimas palavras. A vida ali se esvaia diante de mim e eu não conseguia nem ao menos garantir que meus últimos fôlegos de vida fossem profundos como eu gostaria.

Pessoas passaram por perto mim e puderam ver meu estado... Pessoas de cânticos alegres com melodias inspiradoras, dedicadas com toda emoção ao Criador da vida. Passaram também estudiosos e conhecedores das Palavras da Vida. Fiz gestos para poder mostrar que em mim ainda havia vida e desejo de viver. Mas nenhuma mão foi estendida na minha direção... Não encontrei socorro e o auxílio imediato que precisava.

Então, aceitei: esse era o fim. Me cansei do cansaço e entreguei todas as minhas forças. Não era exatamente como eu imaginei que seria, nem o momento que eu imaginei que seria. Mas essas coisas não cabe a nós escolhermos.

As dores já não incomodavam mais. As feridas pareciam não mais sangrar. Meu corpo estava leve, como se eu estivesse flutuando, lentamente e calmamente. O que vinha após isso? Não importava... Eu conheceria logo, de qualquer maneira. Enfim, depois de ter aceito meu fim, descansei.

Quando abri os olhos, não estava no paraíso como eu acreditava que estaria. Havia alguém cuidando de mim. Me disse que um bom homem havia me deixado ali em seus cuidados e pagou por tudo. Disse que ele me colocou sobre o seu transporte, deitou azeite e vinho em minhas feridas.

Não pude vê-lo, nem soube seu nome. Não pude tentar pagar seu auxílio demonstrando a ele a minha gratidão. Mas tive uma certeza: A minha vida havia valido mais do que qualquer coisa para esse bom homem.

A vida, então, toma uma nova dimensão pra mim. Compreendo agora que, se é verdade que há uma mão estendida em minha direção, pedindo meu auxílio, é também verdade que ela também oferece a mim socorro, para me livrar do egoísmo e do egoísmo que aprisionou minha vida por todos esses anos. Descobri em fim que a vida não consiste apenas em mim, mas em todos aqueles que estão em minha volta.

Percebo que há uma enorme diferença entre gostar e amar, entre estar perto e ser próximo. Mais importante é praticar do que conhecer, agir do que falar.

Desejo viver todos os momentos da vida de forma intensa e atenciosa, em cada um dos seus detalhes, valorizando a vida sabendo que ela é o bem mais precioso que posso conquistar e usufruir.

Assim, dessa forma, buscarei a viver uma vida que vale a pena ser vivida!

Inspirado na parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37)

Um comentário:

Anônimo disse...

Não existe motivo para não querer estar próxima a vc.

Obrigada, Deus, por permitir-me inspirar neste irmão abençoado. É perfeita a forma como o Senhor o conduz.

Ke@ves, ótima leitura! Parabéns!