quinta-feira, 24 de setembro de 2009

MARCELO, MARMELO, MARTELO

"Porque travisseiro se chama travisseiro?"

Nossas memórias trazem significados que outros jamais compreenderão seu precioso valor.

Sem entender qualquer significado, etimologia e até mesmo questionando a razão dos fatos, ali estão 2 crianças, sentadas cada uma em uma perna de seu pai. Mesmo tendo trabalhado a noite toda, seu sorriso e sua dedicação tentavam esconder o seu cansaço. E o fazia com honras.

Seus olhos brilham enquanto lia a sagaz história de Ruth Rocha. Nada mais importava que aquele momento, aonde Marcelo, um menino com alma de poeta, questionava tudo ao seu redor e ia aprendendo a conviver em sociedade.

Por mais que fossem tempos difíceis, e a família não dispusesse de todos os privilégios financeiros, nada disso parecia importar, senão o amor transmitidos pelo seu pai. Aqueles momentos eram mágicos, que protegiam os filhos não só naqueles instantes mas, sem saber, pra vida toda.

Não poucas vezes, tento novamente encontrar esse lugar de paz e felicidade quando tudo mais não parece fazer sentido. Quando sou levado a questionar o porque das coisas serem como são, conjecturar o porque simplesmente não podem ser diferentes, volto a encontrar o espírito daquele menino sonhador, que vislumbrava no colo de seu pai amoroso um mundo cheio de magia e encanto.

Obrigado, pai, por ter me ensinado a viver. Obrigado por viver acima da mediocridade e me dar o encanto pela vida. Que as urgencias e correrias dessa vida jamais me roubem junto com o tempo aquilo que você me deu.

Somente aqueles que conseguem extrair da alma os seus encantos podem expressar em arte a poesia que vem do coração!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Só por hoje

Respiração profunda e constante, ofegante que se torna angustiante. Cada fôlego demonstra um cansaço diferente, porém já tão conhecido. Não há forças para suficiente para continuar em frente, não há mais coragem para lutar. Não há paciencia para tentar entender, nem lógica o bastante para compreender.

Deus cumpre a sua palavra e me sustenta pelas mãos, mas é em mim que há a disposição para ir pro chão. Olho para todas as coisas que estão esperando por mim, que eu tenho que fazer, a expectativa que não só os outros tem sobre mim, mas até aquelas que eu mesmo assimilo como minhas. Não sou quem eu precisava ser e nem tenho tudo que eu precisava ter em mim pra conseguir.

Sei que amanhã é um novo dia. Com ele renascem forças, sonhos e novamente ouço sua voz dizer: Sê forte e corajoso! Mas por hoje, e só por hoje, o peso do temor pelo fracasso me faz querer recuar e desistir de lutar. Só por hoje, admito que todas as minhas imperfeições ganham peso maior sobre mim do que talvez deveriam ter. Só por hoje não vejo sentido em praticamente nada. Só por hoje, busco cruzar a linha.

Com uma obstinação que não faz sentido nem a mim mesmo, prossigo sob os olhares de uns, menosprezos de outros. Como um guerreiro desencorajado e desacreditado dentro de sua armadura forte e imponente.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Telhados


Entre as nuvens surgem as montanhas cobertas com neblina. Colinas coloridas, projetadas e pintadas pelas mãos de um perfeito artista. Árvores dão sombras e proteção a todos igualmente. Tudo na mais perfeita harmonia.

Um pouco mais abaixo e não muito longe dali há um lugar chamado civilizado. Com o olhar da sociedade dos poetas mortos, aquele lugar é visto de um ângulo diferente.

Telhados repletos de histórias para quem quiser ler e ouvi-las. Alguns projetados com tom de sofisticação e cores. Outros velhos e castigados pelo tempo, edificados pelos que já deixaram esse mundo. Destruídos, declaram dificuldades das famílias que eles, tão arduamente, tentam abrigar. Também a falta de condições dos mesmos para fazerem os reparos. As cores da miséria são estampadas clamando por socorro.

Aqueles que não os possuem olham com devaneio para os que possuem demais.

Debaixo deles, histórias são escritas. É ali que as máscaras caem e suas feridas são aparentes. Lares destruídos, casais discutindo, traições, os filhos do divórcios, jovens em pleno sofrimento e angustiados.

Enquanto obras são realizadas na sua sociedade, todos escondem debaixo dos seus telhados o que realmente precisa ser restaurado.

Meu coração dói profundamente com essa realidade. Dentro de mim, o clamor das suas almas ecoam e reverberam as paredes do meu coração. Eles precisam ouvir a verdade daquele que diz: "Aquele que ouve isso diga também: - Venha! Aquele que tem sede venha. E quem quiser receba de graça da água da vida."