terça-feira, 4 de agosto de 2009

Prova

Às vezes a vida parece diante de nós como um infindável exame. Sempre paira sobre nós a responsabilidade de que temos que ser melhores e melhores.

Nada nunca é o bastante. Nenhuma nota abaixo de 10 é considerada um sucesso e o 10 apenas uma obrigação. Afinal, há grande expectativa sobre nós esperando para ser suprida.

Parece que entrei para um grande reality show, onde as pessoas vem observar e interpretar como bem entendem dentro do seu senso de juizo e justiça cada gesto, escorregão, frase, etc, seja esse mal intencionado ou não. Alias, não faz diferença, porque jamais o questionarão a mim mesmo!

Quem ditou/dita as regras? Quem é que sempre aumenta a altura da barra e diz que eu tenho que passar por cima dela? Em que momento, me perdoem, eu assinei o contrato ou concordei com a ideia de que eu tenho que suprir e ser o que as pessoas querem que eu seja, dar a elas o que elas esperam de mim e fazer o que querem que eu faça, mesmo que isso vá em detrimento ao que eu sou ou quero e espero? Não me lembro quando foi esse momento...

Mesmo assim, quero achar esse termo pra eu destruí-lo. Por favor, me digam aonde está. Não gostei desse acordo. Não me parece justo e tenho a eterna sensação que alguém sempre acabará mal nessa história. E aqui vai uma dica: até hoje não tem sido os outros quem tem levado a pior.

Dissemos que devemos dar aquilo que gostaríamos de receber. Será que sou eu quem estou entendendo errado e dando o que as pessoas não querem? Deveria dar o que recebo?

Quando os gestos de gentileza nos tornaram degraus para uns e declarações de amor para outros? Quando todo o bem feito se tornou o mau? Antes todo o bem feito tivesse sido apenas esquecido. A ingratidão é mais que esquecer, é agir na contramão e devolver o oposto do recebido.

"Senhor, mesmo sendo mais fácil fugir e me esconder, faço o que sempre tenho feito: me refugio no Senhor. O Senhor sabe que eu não consigo seguir sem você. Me ajude a remover as pedras lançadas. Mesmo sendo eu frágil e instavel como sou, o Senhor não me vê me escondendo, ainda que esteja com o coração já tão ferido quanto cicatrizado. Sim, mesmo ferido ele continua aberto. Pois eu sei quem eu sou, e é o teu Espírito quem me lembra toda manhã. Não fingirei ou pousarei como uma boa pessoa. Não há bondade em mim, a não ser a que o Senhor coloca em mim. Mas é o Senhor quem é meu auxilio e me fortalece, dentro da minha casa de vidro!"

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Lua



Há algum tempo ele não a via.

Talvez pelos dias nebulosos, talvez pela sua pressa em cuidar das coisas que, naquele tempo, tinha julgado por importante e urgente. Até havia esquecido as sensações que ela lhe trazia.

Nesse dia as nuvens se abriram por um espaço de tempo, como formando caracóis, dando-lhe corpo e forma. Outra vez lá estava ela, mais linda, notável e brilhante que todas as estrelas no céu.

Ela, por sua vez, sempre esteve perto. Mas talvez fosse ele quem era novo demais para conseguir notá-la. De fato, com seus amigos ele até mesmo já comentou, já sentou para observa-la, sem dar conta do quanto ela era importante pra ele.

Nossa vida é formada pelas nossas oportunidades. Até mesmo as que perdemos.

Ele a reconheceu pela primeira vez aos 15 e passou a observar distante a sua beleza e importância. Maremotos, contos, superstições, histórias e diversos mitos foram criados ao redor dela. Difícil distinguir o que é falso e verdadeiro. Porém, uma certeza: Todo dia ela estava lá.

Como o amor distante, desencontrado e constante de Benjamin e Daise, Jamal e Latika, ele passa a entender o conto do Wolverine e sua lua. No fundo ele gostaria de tê-la pra chamá-la de sua e, mesmo em meio às impossibilidades, a dúvida sempre pairou em seu coração sobre como isso seria. Estaria ela feliz e segura ao seu lado? Suportariam um ao outro quando, inevitavelmente, entrassem em rota de colisão?

Aquela cena durou apenas alguns segundos, no tempo que estava determinado a durar. O suficiente para Deus lembra-lo de quão sortudo era por estar vivo.

Embora muitos tenham tentado dominá-la, cravar nela sua bandeira, ali estava ela. Tão suave e serena quanto imponente e brilhante! Mais do que todas as estrelas que ele via no seu céu.

Nunca sabemos o que nos espera. A única coisa que podemos fazer é abrir mão e aceitar o que acontecer.

Finalmente entende que a vida não é tão complicada, mesmo quando estamos à procura daquilo que não sabemos. Enfim descansa e relaxa seu corpo e, deitado com a cabeça no seu travesseiro, mais uma vez diz, mesmo sabendo que seria impossível que ela o ouvisse: BOA NOITE!